25 de mai. de 2013

CORTINAS DO NATAL


Estive pensando nos antecedentes. Fiquei confuso. Nada de pânico agora, nada de urgências. A primeira cadeira estava vazia Sentei, sem muita pressa. Cruzei as pernas e fechei os olhos. Dali para frente, era só esperar as cortinas se abrirem. A vida escondia surpresas depois das portas. Percebi que só pelas falas eu sentia o caos. Era intenso, sem muito charme. Gostava do apego até. Nada de muito açúcar no café. Comecei a suar e percebi que o resto do pessoal também. A sala começou a encher e as agonias começaram. Era a primeira vez. Eu não sabia me controlar.

Resolvi voltar pra casa. Levantei, pedi licença ao pessoal da fileira e apertei o passo. Saí pelas portas grandes de vidro, e voltei a pé. Comecei a andar por uma avenida movimentada com luzes amarelas e vermelhas. Lojas ainda abertas e pessoas agasalhadas. Mentes vazias, e outras, preenchidas demais. A chuva começou. Tratei de procurar um abrigo. Minutos depois, estava ensopado. Continuei caminhando sem pensar muito. Sem guarda-chuva, avistava rostos um tanto parecidos. Alguns, velhos demais para a rotina que levava. As buzinas eram as culpadas de todo aquele trambique.

Cheguei em casa. Molhado, sem resfriado. Era uma noite fria de Natal. Me joguei no sofá velho e fechei os olhos. Não enxergava nada além de vibrações estranhas. Nada daquilo havia acontecido antes, ou, daquela forma. Minha mente continuava presa em algum tipo de perfume. Era barulhenta. Eu não conseguia guiá-la a um caminho menos pedregoso. Resolvi fazer um chá. Ler um livro talvez me causasse menos insegurança. A casa antiga me recordava de tempos em que não era necessário tantas luzes numa noite só. Queria manter o controle das fantasias, afinal, falando sobre noites, era o que sobrava depois do chá.  

(Matheus Carneiro)

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